Brasileiro trabalha mais e produz menos, diz OIT

Brasileiro trabalha mais e produz menos, diz OIT
 Estudo da entidade destaca a estagnação da produtividade no País nos últimos 20 anos

Um brasileiro trabalha por ano, em média, mais horas do que um francês, italiano, suíço, alemão, norueguês, dinamarquês ou belga.

Apesar disso, produz cerca de um quarto do que produz um trabalhador desses países. A avaliação é da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que fez uma radiografia do mercado de trabalho e aponta a estagnação da produtividade do brasileiro nos últimos 20 anos, enquanto o resto do mundo observou um aumento.

Segundo o relatório, os trabalhadores americanos são os que mais rendem por ano e geraram em média US$ 60,7 mil em 2002. Na Bélgica, um trabalhador produz US$ 54 mil por ano, contra US$ 52 mil na França e US$ 42 mil na Alemanha. Um chinês, que produzia US$ 2 mil em 1980, passou a render US$ 6,2 mil em 2001.

Segundo a OIT, a produtividade de um trabalhador não está relacionada só com sua capacidade técnica ou esforço. Tecnologia, ambiente econômico e situação social do país têm papel central na avaliação da produtividade. E é por esses fatores que, no Brasil, um trabalhador tem produtividade equivalente a apenas US$ 14,3 mil por ano – inferior a seu próprio desempenho em 1980, quando produzia US$ 14,8 mil por ano. O desempenho também é inferior ao da Colômbia, país em plena guerra civil.

Em alguns setores, como transporte e comunicação, a produtividade do brasileiro aumentou, e passou de US$ 12 mil em 1980 para US$ 16,9 mil em 1996. No comércio, houve queda de produtividade em quase 40% entre 1980 e 1996.

Os americanos, além de serem os mais produtivos, são os que mais horas passam nos locais de trabalhado entre os países ricos. Eles trabalham cerca 1.825 mil horas por ano, contra 1.342 na Noruega e 1.545 na França. No Japão, um cidadão trabalha o mesmo número de horas que nos Estados Unidos.

Em geral, os trabalhadores do mundo têm trabalhado cada vez menos horas por ano. Isso ocorre até nos países em desenvolvimento, que geralmente contam com mais horas de trabalho que os países ricos, para tentar a falta de tecnologia com a mão-de-obra barata. No Brasil, um trabalhador trabalhava em média 1.698 horas/ano em1999. No início da década de 90, essa média era de 1.796 horas.

Se for calculada a produtividade por hora de trabalho, a liderança no mundo é da Noruega, onde um trabalhador rende US$ 38 por hora. A França também ultrapassa os americanos, com média de US$ 35 por hora de trabalho. Nos EUA, um trabalhador produz US$ 32 por hora. No Brasil, essa média é de US$ 7,8 – valor que se manteve praticamente inalterado nos últimos 20 anos. Se a produtividade não foi alterada, a parcela da população empregada teve queda no País. Segundo a OIT, em 1980 o Brasil tinha índice de desemprego de 2,8%.

Em 2001, chegou a 9,4%.

O que mais preocupa nos dados da OIT é que, enquanto o Brasil e demais países da América Latina sofrem para aumentar a produtividade de seus trabalhadores, o mundo observa um aumento de até 1,9% por ano. Entre 2001 e 2002, o crescimento da produtividade nos EUA foi de 2,8%, superando a Europa e Japão.

FONTE: Estado de São Paulo